segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Brasil Skate Pro 2013. confira as fotos.

Brasil Skate Pro 2013... Rodil Ferrugem vence a última etapa em Manaus e Kelvin Hoefler é bicampeão brasileiro
Confira o resultado e em breve matéria completa no site da CBSk
1-Rodil Ferrugem
2-Kelvin Hoefler
3-Diego Oliveira
4-Rodolfo Gugu
5-Danilo do Rosário
6-Lucas Xaparral
7-Diego Fiorese
8-Rodrigo Maizena
9-Paulo Galera
10-Silas Bisteca

Brasil Skate Pro - Manaus.

FUTEBOL TEM DE TUDO.

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GP do Brasil: Vettel iguala recorde de vitórias seguidas na F1; Massa é 7º

A temporada se fechou da maneira perfeita para Sebastian Vettel. Tetracampeão antecipado da Fórmula 1, o alemão conquistou neste domingo, no Grande Prêmio do Brasil, outra marca história: igualou o recorde de vitórias consecutivas da categoria, com nove triunfos seguidos. Seu companheiro de Red Bull, Mark Webber, deu adeus à F1 chegando em segundo, enquanto Fernando Alonso, da Ferrari, completou o pódio.
Felipe Massa foi punido com drive-through e se revoltou com a decisão Foto: EFEO recorde igualado por Vettel pertence a Alberto Ascari, que nas temporadas de 1952 e 1953 engatou também nove vitórias seguidas na Fórmula 1. O alemão da Red Bull, porém, é o primeiro a atingir a marca em um único ano. Outro número igualado por Vettel é o de vitórias em uma mesma temporada: 13, assim como Michael Schumacher em 2004.Vettel chegou a 13 vitórias no ano, a nona consecutiva - igualando recordes de Schumacher e Ascari Foto: AP

Já Felipe Massa, em sua despedida da Ferrari – vai correr pela Williams em 2014 –, sofreu com uma punição de drive-through, que irritou muito o brasileiro, e terminou a prova em Interlagos na sétima colocação.

Apesar dos contratempos, a prova começou bem para Massa: com sua tradicional boa largada, ele saltou de cara da nona para a sexta posição. Já o pole position Vettel foi ultrapassado por Nico Rosberg. O alemão da Mercedes, porém, se mostrou mais lento, e em poucas voltas já havia caído para sexto, ultrapassado por Vettel, Alonso, Webber, Hamilton e Massa.


Romain Grosjean, da Lotus, também abandonou a corrida nas primeiras voltas com problema de motor. Lá na frente, Vettel começava a abrir distância; na 18ª volta, o alemão já tinha 11s de vantagem para Webber na segunda colocação.
Massa parou na 20ª volta para trocar os pneus intermediários por médios, voltou em décimo e rapidamente começou a galgar posições. Quando estava em seu melhor momento, porém, em quarto lugar e atrás de Alonso, veio a punição: um drive-through por passar com as quatro rodas sobre a linha divisória na entrada para o pit. Furioso, o brasileiro cumpriu a determinação da direção e voltou em oitavo.
Confira a classificação final do GP do Brasil
1. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull): 1h32min36s300
2. Mark Webber (AUS/Red Bull): +10s452
3. Fernando Alonso (ESP/Ferrari): +18s913
4. Jenson Button (ING/McLaren): +37s360
5. Nico Rosberg (ALE/Mercedes): +39s048
6. Sergio Pérez (MEX/McLaren): +44s051
7. Felipe Massa (BRA/Ferrari): +49s110
8. Nico Hulkenberg (ALE/Sauber): +64s252
9. Lewis Hamilton (ING/Mercedes): +72s903
10. Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso): +1 volta
11. Paul di Resta (ESC/Force India): +1 volta
12. Esteban Gutiérrez (MEX/Sauber): +1 volta
13. Adrian Sutil (ALE/Force India): +1 volta
14. Heikki Kovalainen (FIN/Lotus): +1 volta
15. Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso): +1 volta
16. Pastor Maldonado (VEN/Williams): +1 volta
17. Jules Bianchi (FRA/Marussia): +2 voltas
18. Giedo van der Garde (HOL/Caterham): +2 voltas
19. Max Chilton (ING/Marussia): +2 voltas

Shogun foca no chão e pensa em integrar equipe de Demian de vez

Shogun foca no chão e pensa em integrar equipe de Demian de vez

"Venho para São Paulo e sou mais um. Aqui não contrato ninguém. Acredito que esse formato é melhor", diz o curitibano, que enfrenta Te Huna no dia 7.

Maurício Shogun
 deu uma boa variada de conteúdo em suas últimas preparações e seguiu nessa linha para enfrentar o neozelandês James Te Huna no UFC de 7 de dezembro, na Austrália. Depois de deixar de ser treinado por André Dida em Curitiba e de passar um período nos EUA com Freddie Roach, o ex-campeão do Ultimate e do Pride acertou o retorno à equipe de Demian Maia, em São Paulo. E o foco principal dos treinos tem sido o jogo de chão, especialidade de Demian e exatamente onde pecou na última luta, onde foi finalizado por Chael Sonnen com uma guilhotina.MMA Maurício Shogun, Demian Maia, Daniel Sarafian e equipe. (Foto: Arquivo Pessoal)- Eu conheço o Demian há um bom tempo. Já tinha feito meu camp em São Paulo duas vezes, para enfrentar o Chuck Liddell e o Dan Henderson. Então, conheço toda a galera. Todo mundo é gente boa e bom de chão, que é o ponto forte do time. A equipe é muito boa e está me ajudando bastante. Eu sempre treinei muito chão, mas infelizmente o Sonnen encaixou uma posição que me finalizou. Acho que deu para eu corrigir e melhorar não só a parte de chão, como as de wrestling e de pé - disse ele, por telefone, em entrevista ao Combate.com.MMA Maurício Shogun, Demian Maia, Daniel Sarafian e equipe. (Foto: Arquivo Pessoal)
UFC: Hunt x Pezão
7* de dezembro de 2013, em Brisbane (Austrália)
* No Brasil, pelo fuso, o evento começa no dia 6 de dezembro
CARD DO EVENTO
Mark Hunt x Antônio Pezão
Maurício Shogun x James Te Huna
Pat Barry x Soa Palelei
Dylan Andrews x Clint Hester
Ryan Bader x Anthony Perosh
Nick Ring x Caio Monstro
Takeya Mizugaki x Nam Phan
Bruno Carioca x Krzysztof Jotko
Alex Caceres x Mitch Gagnon
Richie Vaculik x Justin Scoggins
Andreas Stahl x Alex Garcia
Julie Kedzie x Bethe Correia

No 'tapetão', clubes se articulam para rebaixar Ponte, Portuguesa e Criciúma

Enquanto o Campeonato Brasileiro segue sem definição sobre quais times vão ser rebaixados para a Série B, clubes se articulam para decidir o torneio na Justiça. Com a liderança de Coritiba, e a participação de Vasco e Fluminense, as diretorias conversaram para verificar súmulas da competição. O resultado obtido, segundo a visão desses cartolas, mostra que Ponte Preta, Portuguesa e Criciúma poderiam perder pontos.Clubes devem mandar denúncia para a CBF ainda nesta semana
Em contato com uma rede de TV do país,  dois dirigentes explicaram que a regra que está sendo avaliada, que teria passado a valer neste ano, é uma que limita em cinco o número de jogadores transferidos de outros clubes da Série A. Os documentos de relatos dos jogos estão sob os olhares dos departamentos jurídicos dos times e também de especialistas do direito desportivo.
O Regulamento Específico da Competição, no capítulo III, artigo nono, no seu parágrafo único, diz que "cada clube poderá receber até cinco atletas transferidos de outros clubes do Campeonato da Série A; de um mesmo clube da Série A, somente poderá receber até três atletas".

Um exemplo que, segundo os clubes reclamantes, fere o regulamento acima, seria a Portuguesa. Para a temporada de 2013, a diretoria paulista conta com pelo menos 13 atletas emprestados, sendo que desses, pelo menos dez chegaram de outras equipes da Série A. 
A visão da CBF é diferente. Segundo Virgilio Elíseo, diretor do departamento técnico da entidade, o regulamento vale a partir do início do Campeonato Brasileiro e para jogadores que tenham disputado pelo menos um jogo do torneio pelo clube cedente. Assim, só haveria desrespeito ao regulamento caso um clube tenha mais de cinco jogadores que atuaram por outros clubes da Série A em 2013. 
O plano dos que se queixam é terminar o estudo ainda no início desta semana. Se a conclusão dos advogados for de que o assunto procede, eles enviarão uma denúncia para a CBF e para o STJD, que deverá julgar o caso. 
De acordo com o Código Brasileiro da Justiça Desportiva, a inscrição irregular de atletas na súmula implica na perda de três pontos. Com o que já foi analisado e interpretado, os dois paulistas e o catarinense deveriam perder, cada um, pelo menos seis pontos.
Assim, Portuguesa e Criciúma substituiriam Vasco e Coritiba na zona da degola.
Considerando a atual classificação, teríamos a seguinte mudança:
14 - Fluminense - 42 pontos
15 - Coritiba - 42 pontos
16 - Vasco da Gama - 41 pontos
17 - Portuguesa - 38 pontos
18 - Criciúma- 37 pontos
19 - Ponte Preta - 30 pontos
20 - Náutico - 17 pontos 


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Seleção Brasileira volta a ser a mais valiosa do mundo

Seleção Brasileira volta a ser a mais valiosa do mundo


 
Seis bilhões de euros (praticamente): Esse é o valor estimado pela Pluri Consultoria para os jogadores das 32 seleções que disputarão a Copa do Mundo de 2014.
A grande novidade é a seleção mais valiosa: a Brasileira, depois de 5 anos ocupando a 2ª ou 3ª posição nos rankings elaborados pela consultoria.
Considerando 23 jogadores por seleção e, naturalmente, levando em conta os grupos chamados pelos treinadores nesse momento, serão 736 atletas, cujo valor médio de mercado foi estimado em € 7,9 milhões.
O valor médio de cada uma das 32 seleções ficou em € 182 milhões, totalizando € 5,82 bilhões, equivalentes a pouco mais de R$ 18 bilhões.
Muito dinheiro…
Podemos ver na tabela acima que somente 11 das 32 seleções têm valor acima da média, sinal de concentração de mercado, o que não chega a ser novidade. A situação fica ainda mais nítida quando vemos que o valor somado das cinco mais valiosas equivale a 40% do total.
Sem novidades entre as Top 5, mas vale destacar a presença da Bélgica na 6ª posição, à frente da Itália, Inglaterra e Portugal, com a Colômbia fechando o gupo Top 10. Na rabeira, com boa diferença para a 28ª colocada, Honduras, Austrália, Irã e Costa Rica.

Final da Copa do Brasil: Duelo de gestões rubro-negras em ano excepcional

qua, 20/11/13
por Emerson Gonçalves |

De um lado, o time de um clube que vem tendo uma sequência de boas gestões, com alguns momentos de alta, outros de baixa. Mesmo vivendo 2012 na Série B, o Atlético Paranaense atravessa um 2013 simplesmente excepcional no campo esportivo, enquanto as obras que vão tornar seu estádio melhor ainda do que já era se encaminham para o final.
Do outro, o time de um clube marcado por uma longa sucessão de gestões entre desastrosas e uma meramente razoável, até o final de 2012. A nova gestão do rubro-negro da Gávea ainda não completou um ano e tem muito a mostrar, mas, inegavelmente, mudou o Flamengo para melhor. Manter-se na Série A do Brasileiro foi um resultado dos mais apreciáveis, levando em conta a combinação momento do clube/situação financeira. Chegar à final da Copa do Brasil, independentemente do resultado da disputa, é a cereja de um bolo que tinha tudo para ser amargo para o torcedor e acabou se revelando doce.
O ano de 2013, portanto, não importa o que aconteça nessa final, já é excelente para os dois clubes e, principalmente, para seus gestores.
Nesse post, como no anterior sobre a semifinal da Copa Sul-Americana, vou usar a avaliação financeira feita pelos especialistas do Banco Itaú BBA, trabalho que já teve sua parte inicial postada nesse OCE, numa série de posts. Nos próximos dias teremos a análise individualizada, clube a clube, da qual retiramos o que segue.

Ter disputado a Série B comprometeu as finanças do Clube Atlético Paranaense, que viu todas as suas receitas, exceto uma, caírem sensivelmente em 2012: Marketing, Bilheteria, Transferências de Atletas e Estádio – essa última prejudicada também pelas obras para a Copa do Mundo. Cabe aqui um destaque: a receita proveniente dos sócios caiu, também, mas muito menos que as demais, passando de R$ 10,2 para R$ 9,5 milhões.
A exceção nesse quadro de baixas – e na minha visão e palavras, a salvação do clube, deixando-o em boas condições para 2013 – foi a entrada em caixa do dinheiro dos novos contratos de cessão de direitos de transmissão, o “dinheiro da TV”, que cresceu 167%, chegando a um total de R$ 31,2 milhões, contra R$ 11,7 milhões em 2011.
A receita total do clube passou de R$ 62,2 milhões para R$ 63,9 milhões, em plena disputa da Série B e do retorno à divisão principal de nosso futebol.
Em 2012 os Custos cresceram 28%, graças, principalmente, às despesas com salários e encargos. Esse aumento foi o responsável, provavelmente, pela antecipação de valores futuros de contratos num total de R$ 10 milhões, provavelmente de direitos de transmissão. Dois pontos tiveram fortes investimentos: Infraestrutura (obras na Arena da Baixada) e Elenco.  (R$ 7 milhões).
Diante de tudo isso, retomo o que disse acima: o desempenho esportivo em 2013 foi, simplesmente, excepcional, fruto, sem a menor dúvida, de uma gestão extremamente competente e que fez a diferença.

A atual gestão do Clube de Regatas do Flamengo já foi abordada em alguns posts desse OCE, desde o final do passado. Naturalmente, como ocorre com qualquer ser humano, individual ou coletivamente, cometeu erros e teve acertos. O que chama a atenção, contudo, é sua honestidade, fazendo na prática o que diz em discursos. É comum políticos e dirigentes esportivos – entre muitas outras categorias – falarem muito sobre “gestão cuidadosa, pensar no futuro” e outras preciosidades e na prática, no dia a dia, fazerem exatamente o oposto. Pensando nos votos, pensando na imagem, pensando na glória efêmera de uma conquista, deixando enormes abacaxis para serem descascados por gestões futuras. É o que têm feito os dirigentes do Flamengo: descascado abacaxis, angariando antipatias e críticas tão iradas quanto sem sentido. Uma coisa é certa: o índice de popularidade não faz parte das preocupações desses dirigentes.
É impossível falar do Flamengo sem falar de sua dívida. O clube pisou em 2013 carregando um imenso e pesado passivo superior a R$ 700 milhões. Destaco aqui um comentário dos analistas do Itaú BBA: “…o balanço (de 2012) apresenta uma série impressionante de ajustes de exercícios anteriores, que montaram mais de R$ 300 milhões “.
Mais um comentário:
Muitos desses ajustes conseguimos conciliar dentro das rubricas de ativos e passivos, mas ainda assim restaram R$ 75 milhões denominados “Movimentações no PL” para os quais não conseguimos ajustar o fluxo de caixa. Além disso, a forma de agrupamento das contas nas rubricas de balanço é simplesmente caótica, misturando contas de diversas características na mesma rubrica, de forma que, por exemplo, restaram saídas de caixa de R$ 19 milhões sem explicações de origem. Isto é ruim para a análise, mas ao mesmo tempo há que se entender que o clube está sob nova gestão e certamente estas movimentações fazem parte de diversos ajustes que visam regularizar os inúmeros problemas do passado.

Chamo a atenção para o fato de que esses comentários foram escritos por especialistas gabaritados que trabalham numa das maiores instituições do setor. Acredito que dão uma boa ideia do que os dirigentes do Flamengo encontraram.
Embora tenha a maior torcida do Brasil, a receita do clube está muito longe de corresponder a essa realidade. Em 2012, com um total de R$ 212 milhões, ela foi a terceira maior, muito distante do Corinthians, em primeiro, e do São Paulo, em segundo.
Fecho esse post aproveitando mais um comentário da equipe de analistas que produziu o estudo Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros – 2012 e que traduz exatamente o que eu mesmo penso e tento passar nesse OCE, não só para o Flamengo, mas para todos os demais clubes:

O que vemos é um clube buscando seu rumo, efetivamente. Mas para isto a torcida precisará ter muita paciência, o que não é comum no futebol. Especialmente porque muitos clubes tem um passado de conquistas às custas de atrasos de Impostos e Salários, que refletem na situação econômico-financeira hoje. Porém, o Torcedor quer continuar ver seu time vencendo, mas o cobertor é curto: ou põe a casa em ordem, ou busca títulos. Mas para buscar títulos atualmente precisa ter a casa em ordem.
Enfim, precisa se livrar do círculo vicioso para atingir o círculo virtuoso.
O Flamengo pode conseguir isto? Sim, porque tem torcida, tem receitas e atrai bons atletas. Mas vai sofrer um bocado até que a casa esteja definitivamente em ordem.”
 Essa final é, acima de tudo, uma grande conquista das gestões dos dois clubes.

Semifinal da Copa Sul-Americana: Davi contra um Golias mesquinho

ter, 19/11/13
por Emerson Gonçalves |
categoria Ponte PretaSão Paulo

Números esmagadores

Fora de campo os números de São Paulo – mandante do primeiro jogo – e Ponte Preta apresentam diferenças abissais (valores em milhões de reais na tabela abaixo):

Ponte Preta, de acordo com a análise do pessoal do Banco Itaú BBA, apresenta uma situação relativamente cômoda, o que é conseguido graças à injeção de recursos por parte de seu grupo gestor, sempre que o balanço fecha no vermelho.
Em 2012, a receita total praticamente dobrou, pulando para 30,1 milhões de reais, graças, principalmente, ao crescimento do valor recebido pelos direitos de transmissão, que passou de 7,1 milhões em 2011 para 17,9 milhões em 2012. Esse aumento foi devido aos novos contratos de direitos de transmissão, acrescidos de luvas. O balanço do clube não apresenta maiores detalhamentos de receitas e despesas.
As dívidas operacionais apresentam bom equilíbrio com as receitas, mas tem um horizonte que pode ser complicado, pois em algum momento será chegada a hora do pagamento dos recursos injetados pelos gestores, que em 31 de dezembro de 2012 totalizavam 99 milhões de reais, resultado de injeções de capital que variam de 12 a 15 milhões, anualmente.

São Paulo apresenta, consistentemente, a segunda maior receita do país, tanto com transferência de atletas como sem elas. Salta aos olhos o custo de sua folha salarial: 106 milhões de reais. Algo como 35 milhões de euros, que é muito dinheiro até mesmo na Europa. Esses números de 2012, entretanto, pouco foram traduzidos em termos de desempenho esportivo, mesmo se mantendo elevados ano a ano. A conquista da Copa Sul-Americana no ano passado, sobre um time argentino de menor expressão, foi o melhor resultado alcançado por tanto dinheiro. O que talvez explique a briga para tirar o mando de campo da Ponte Preta,comentada mais abaixo.
Ao falar sobre o São Paulo, o trabalho do Itaú BBA diz, resumidamente, que as receitas tiveram bom aumento, graças às novas cotas de TV e apesar da ausência de um patrocínio máster em boa parte do ano. As despesas estão equilibradas, gerando bom caixa, que é insuficiente, porém, para cobrir os gigantescos custos de investimento:

“O São Paulo é o clube que mais investe no Futebol Brasileiro. Nos últimos 3 anos foram R$ 267 milhões, assim divididos: R$ 59 milhões nas Categorias de Base, R$ 63 milhões em Estrutura e R$ 145 milhões na Formação de Elenco. Comparativamente, o clube gerou R$ 192 milhões de caixa no mesmo período, o equivalente a 72% dos Investimentos. Logo, esta diferença entre Geração e Investimento, de R$ 75 milhões foi suportada por outra fonte de recurso, basicamente Dívida Bancária.”
É um duelo desigual nos números, mas no gramado isso nem sempre diz muita coisa, e temos na atual edição do Campeonato Brasileiro da Série A a melhor prova disso. E na Série B tivemos o outro lado dessa moeda, a prova da lógica simples, com o Palmeiras levando o título com relativa facilidade.
Golias vence Davi, mas no futebol isso nem sempre ocorre, da mesma forma que na história bíblica.

Davi contra o Golias mesquinho

Cumprir regulamento é pré-requisito básico para uma disputa esportiva, assim como para a vida em sociedade. Pode se chamar Regulamento da Competição ou Constituição, tanto faz, sem eles vira bagunça. Esse é um caso que não admite exceções, embora elas existam. Depende da força de um dos lados, o que é sempre demonstração inequívoca de atraso cívico, cultural, social, político.
Na final da Copa Sul-Americana de 2012 o São Paulo viajou para Buenos Aires e lá reconheceu o campo de seu primeiro jogo contra o Tigre. Não que houvesse nisso alguma novidade, pois o gramado do La Bombonera já era conhecido e muito pelo São Paulo, mas é sempre conveniente que os atletas tenham contato com o campo para senti-lo, para ver o estado em que está.
No jogo da volta, a grande final, o São Paulo negou esse direito ao Tigre. Ponto.
Na edição 2013 da Sul-Americana, temos agora uma semifinal brasileira – o mesmo São Paulo de 2012 contra a Ponte Preta. Uma vez mais, como é seu direito, diga-se de passagem, o clube do Morumbi recorreu ao regulamento e vetou, em termos práticos, a realização da final no Moisés Lucarelli, o estádio da Ponte, em Campinas. O motivo já é sabido por todos: o estádio não comporta o mínimo de 20.000 torcedores estipulado pelo regulamento. Além da lotação, dirigentes tricolores falaram muito em segurança. Certamente, não querem com seu time o que aconteceu com o visitante Tigre na final de 2012, no Morumbi.  Não satisfeito, o São Paulo ainda tentou vetar o estádio do Mogi, a pouco mais de 50 km de Campinas, escolhido como substituto. Nesse caso, porém, foi derrotado.
Cumpra-se, então, o regulamento. Como saldo, fica o grande, poderoso e multicampeão São Paulo com mais uma transformação de um rival em inimigo, ação em que sua direção tem sido extremamente eficiente, levando o clube a um virtual isolamento no conjunto dos principais clubes brasileiros. A menos que a próxima gestão atue decisivamente no sentido de mudar a postura e a imagem, essa conta será apresentada ao clube em algum momento. E diante de tudo isso, o mínimo que se espera é que o São Paulo faça sua parte e também cumpra o regulamento, não proibindo, por exemplo, que o adversário reconheça o campo de jogo.

Amanhã comentarei sobre Atlético Paranaense e Flamengo, que disputam a final da Copa do Brasil.

Cadê o fair play?

seg, 18/11/13
por Emerson Gonçalves |

Adeus fair play, não o da moda, financeiro, mas o velho e sagrado fair play que deve estar presente em toda competição esportiva, dignificando-a, dando-lhe um verniz, ao mínimo, de civilização: o fair play esportivo.
Entra ano, sai ano, pouco ou nada muda. Cansativo… Chato…
O São Paulo manda um time totalmente reserva para o Rio de Janeiro, para enfrentar o Fluminense sob ameaça de rebaixamento. Os reservas não foram mal, deram trabalho, mas perderam.
Ótimo para o Fluminense.
Péssimo para o Vasco, Criciúma, Coritiba, Ponte Preta, Bahia, Portuguesa…
O campeão Cruzeiro enfrenta a Ponte Preta sem mais de meio time titular e sofreu um empate no final. Não teria vencido de forma categórica, como fez brilhantemente no decorrer de todo o campeonato, se todos os titulares estivessem em campo?
É possível, ou melhor, é provável, mas…
Como? Afinal, o zagueiro titular havia declarado há dias que já estava em férias…
Torcedores do próprio Fluminense e dos demais times ameaçados pelo rebaixamento não devem estar nada felizes com o descanso de Dedé & Cia.
Já foi pior que isso, com episódios vergonhosos e totalmente antiesportivos de times entregando jogos, fato agravado ainda mais por torcidas nos estádios clamando pela entrega, com o fito de prejudicar um rival.
Que tipo de lição se pode tirar para a vida desses fatos?
Quando isso acontece, o futebol perde muito de seu encanto e perde sua função como exemplo para os jovens. A esportividade é jogada no lixo e o conceito do que é justo vai junto com ela para a mesma lata, onde somente as coisas sujas deveriam estar. Os times – essas instituições sagradas e apaixonantes – passam a lição de que na vida vale tudo e só interessa pensar em si próprio. Danem-se os outros. E todos esquecem o que a vida nos mostra incessantemente: o que deu de ombros hoje gritará amanhã por ser prejudicado por outro que dará de ombros.
Ah, mas o time campeão cansou.
Ah, mas o time está disputando outra competição.
Ah, mas a torcida quer que a gente perca para o rival histórico ser prejudicado.
Ora, cansar todo mundo se cansa, mesmo, mas as férias estão logo aí e nada impede que um ou outro caso mais sério de atleta precisando de uma parada não seja beneficiado. Ao poupar os jogadores, o contrato não verbalizado que existiu a partir da primeira rodada deixa de ser cumprido. Um time enfraquecido por fatores extracampo, por vontade ou capricho de dirigentes, técnicos e atletas, vai afetar a competitividade e a justiça da competição, na medida em que alguns serão beneficiados e outros prejudicados. Adeus condições iguais de disputa para todos.
Ah, mas se os titulares jogassem quem garante que seria diferente?
Nada, ninguém, não há garantia, mas pelo menos haveria isonomia, todos jogariam em condições teoricamente iguais e não em condições sabidamente desiguais antecipadamente, e não na teoria, mas na prática, mesmo.
O calendário é conhecido por todos. E é aceito por todos. Fica implícito que todos devem disputar todas as competições com o mesmo empenho, sem privilegiar aqui, sem menosprezar ali. No caso desse final de semana, a decisão do São Paulo, por exemplo, tenha sido ela de seu treinador, de sua direção ou conjunta, sequer pode ser considerada como inteligente. É a velha história de contar na frigideira com o ovo que ainda não foi botado. Nada há de certo na disputa da Copa Sul-Americana.
Isso é futebol e quem garante que a Ponte Preta, mesmo que virtualmente rebaixada no Brasileiro, não pregue uma peça e elimine o São Paulo nessa disputa pela semifinal? Aí o São Paulo ficará sem a Libertadores 2014, pois com a derrota de ontem jogou fora qualquer possibilidade real, mesmo que fosse pequena, de conseguir a classificação pelo Campeonato Brasileiro.
É muito difícil classificar, tipificar e provar essas coisas, mas, sinceramente, eu ficaria muito feliz se o tribunal olhasse com cuidado para essas situações, mesmo porque o que começou na rodada de ontem não vai ficar limitado a ela, infelizmente.
Cadê a ética? – que poderia, também, ser o título desse posto.
Cadê a ética?

A ADEG informa: substituição no time da Internazionale…

sáb, 16/11/13
por Emerson Gonçalves |

…Sai Moratti, entra Thohir.
É isso, não resisti a uma velha lembrança de outras eras, quando o alto-falante do Maracanã anunciava alguma substituição. Não que desse para ouvir muito bem, mas essa frase acabou marcando. Acho eu que mais pelo Canal 100 do que ao vivo no estádio, o que eu, paulistano, só fiz duas vezes antes da ADEG virar SUDERJ, quando o Estado da Guanabara deixou de existir.
Agora, um duplo click no ícone “Máquina do Tempo” e voltamos ao presente, quando o futebol é muito, muito diferente daquele de outrora. E, por favor, nem melhor, nem pior, mas diferente, adaptado à realidade de um tempo impensável, tantas e tão grandes foram as transformações do mundo, no mundo e em todos nós.
A tradicional Internazionale de Milão, ou Inter, simplesmente, mudou de controlador, pois 70% de seu capital foi adquirido por Erick Thohir. Gravem esse nome, acredito que vai ser muito comentado.
Thohir é indonésio e ainda jovem, tem somente 42 anos, o que explica sua “baixa”colocação na lista Forbes dos bilionários do mundo: 736º mais rico. Começou a construir sua fortuna nos anos 90, quando voltou dos Estados Unidos, recém-formado. Concentrou sua atenção e investimentos em empresas de mídia e no esporte. Em alguns casos juntou o melhor dos dois mundos, com suas empresas transmitindo atividades esportivas nas quais ele participava ou era o dono. Sinergia…
Segundo a Forbes, não gosta muito de esportes como golfe ou tênis, prefere o basquetebol e o futebol, com suas disputas acirradas, entre times e jogadores. Na Indonésia é dono de um time de basquete e outro de futebol, acumulando, ainda, funções como dirigente da confederação de basquete do Sudeste asiático.
Antes de chegar à Itália e à Internazionale, Thohir já era um dos donos do Philadelphia 76ers, como um dos membros do consórcio comprador (Will Smith e sua esposa são sócios, também). Foi o primeiro asiático a ser dono, mesmo parcialmente, de um time da NBA. Depois do basquete, ele adquiriu o DC United, repetindo o que já fizera em seu país, colocando um pé no basquete e outro no futebol.
Thohir não faz o gênero Abramovich e dificilmente irá injetar dinheiro na Inter da mesma forma como fez o magnata russo no Chelsea, ou fazem agora os novos donos do Manchester City e Paris Saint-Germain. Inteligente, em seu discurso de posse como presidente mandou um recado claro:
“Será importante para a nova administração fazer da Internazionale um time vencedor, que jogue bonito e emocionante para ver, que goze de boa saúde financeira para competir em nível internacional. O mundo do futebol está mudando, o Fair Play Financeiro não é um aspecto secundário. Nosso objetivo é tornar esse clube mais forte.”
Nesse sentido, o novo presidente vem fazendo declarações sobre a importância da base e o aproveitamento de jovens valores para o time principal, como essa: “Meu sonho? É usar mais jogadores da base, que estão indo muito bem em seu campeonato.” Fala-se, igualmente, na vinda de jovens dos Estados Unidos, em treinamento no DC United. Seria mais fácil e movimentado se ao invés de Washington o United estivesse em Brasília, trocando a proximidade da Casa Branca pela do Alvorada.
A perspectiva hoje é que o clube consiga sanear suas finanças e volte a ter um time competitivo, o que é muito importante para a base de negócios de Thohir, a Indonésia, onde os nerazzurri tem mais de dois milhões de torcedores ou de fãs. Sinergia, lembram?

Post scriptum I
A edição do diário esportivo espanhol Marca desse domingo, traz como um dos destaques a posse de Thohir na Internazionale (ver P.s. II sobre essa questão do gênero), e a chamada não poderia ser mais bombástica:
“¿Comprar a Messi, por qué no?”
Não creio. Na verdade, vendo a resposta completa – “¿Comprar a Messi, por qué no? Hablaré con el entrenador” – fico com a impressão de uma fina ironia.
Para dar um temperinho a mais, o Marca relembrou entrevista de Thiago Motta à TV da Inter, há um mês, quando ele disse que “se Messi deixar o Barça, a Inter é o primeiro time para o qual ele vai”.
Então tá e haja sinergia para tanto.
Fica o registro para o leitor do OCE e, convenhamos, não deixa de ser legal para um começo de domingão.

Post scriptum II – O ou A?
Vale a regra, tal como fez a Redação do portal GloboEsporte na chamada em destaque para esse post: O Internazionale.
Mas, é aquela coisa, né? Meio paulistano, meio caipira, ou mezzo paulistano, mezzo caipira, criado em família com raízes italianas e caboclas, sempre foi a Inter, como sempre foi a Juve, a vecchia signora. Então, num texto de caráter autoral, tenho me dado o luxo de escrever em desacordo com a regra.
Que fique registrado, porém, o que é correto.

Mudanças por um lado e o mesmo intervencionismo de sempre por outro

qui, 14/11/13
por Emerson Gonçalves |

O dia e a noite de ontem mostraram a realidade do futebol brasileiro. E não me refiro à conquista, agora oficial, do título brasileiro desse ano pelo Cruzeiro de Marcelo Oliveira, mais uma prova do quanto é necessário um treinador ter respaldo e respeito para conseguir trabalhar.

Mudanças em curso
Novas leis, novos projetos, alguns ruins e desnecessários, como o Proforte, o novo perdão (sim, eu sei que tecnicamente não é perdão, mas… só que é) das dívidas de clubes incapazes de cumprir suas obrigações. O mesmo parlamento que arquiteta isso, bem como mais uma mudança na já velha Timemania, também proibiu a reeleição infinita de dirigentes de clubes com algum favorecimento fiscal. Ou seja, todos eles. Um avanço, ainda que pequeno. Há mais algumas mudanças, já detalhadas em posts anteriores desse OCE, mostrando que nem tudo que emana do Congresso Nacional é tão nefasto.
O ponto alto da rodada de ontem foi visto em Itu, onde essa República começou de fato a nascer, em 1873, na “Convenção de Itu”. Os 22 profissionais em campo de São Paulo e Flamengo fizeram um protesto que, parece-me, foi inédito em todo o mundo. Veja o vídeo pelo link abaixo, ele “fala” muito melhor através das imagens e é uma homenagem ao melhor do espírito republicano:
Brilhante, inusitado, criativo e único!
Pelo que acompanhamos, a decisão de fazer a manifestação dessa forma, evitando o cartão amarelo coletivo determinado pela CBF de forma autoritária e totalmente desprovida de… bom senso, foi tomada ali, no calor da hora, momentos antes do apito inicial da partida, com os corpos aquecidos, os corações a “mil”, a adrenalina circulando pelo organismo. Também por isso, faço questão de parabenizar aos protagonistas dessa manifestação, liderados por Rogério Ceni e Leonardo Moura, capitães dos dois times. E, como disseram os profissionais do Sportv na transmissão, a torcida a princípio não entendeu e não se manifestou. Mas tão logo Rogério Ceni sinalizou que tinha acabado o protesto e pôs a bola em jogo, com os jogadores correndo para tomar posições, marcar e tocar a pelota, o público entendeu e aplaudiu o belo drible aplicado à determinação da Confederação.
Estou com inveja de quem compareceu ao Novelli Junior, em Itu, ontem, pois presenciou um evento histórico.
O Bom Senso FC exige um mínimo de respeito e atenção por parte dos dirigentes da confederação, federações e também dos clubes. Muito mais importante que isso, exige mudanças, algumas das quais, sem a menor dúvida, contribuirão muito para melhorar nosso futebol.
Os atletas estão dando um exemplo a toda a sociedade brasileira. Agem e tomam suas decisões de forma democrática, manifestam-se com impacto e sem destruir coisa alguma, exceto a pasmaceira cômoda de dirigentes. São consequentes e têm planejamento. Diria meu avô, se vivo fosse, que eles serão um osso duro de roer para os atuais detentores do poder.
Amém.

Mais do mesmo de sempre
No Rio de Janeiro o dia foi rico em exemplos de um dos porquês de nosso atraso em todas as áreas: o Estado intervindo onde não é chamado e muito menos necessário.
Refiro-me às ações tomadas pelo PROCON contra o Clube de Regatas do Flamengo, nas pessoas de seus dirigentes eleitos, no que pode ser considerado um caso claro de abuso de autoridade e de intervencionismo estatal, com ações onde o viés político oportunista aflora despudoradamente.
É de nossa tradição assistir à intervenção do Estado na economia e nas nossas vidas, indo muito além das funções para as quais serve ou deveria servir. Era assim na Colônia, assim foi no Império e assim é na República. Esse vício, ao lado de outros, até hoje impede que o Brasil seja um país capitalista. Capitalista de fato e não de gogó. Onde tenhamos não só o pior do sistema, mas principalmente onde tenhamos o melhor que esse sistema econômico, o mais eficiente criado pelo Homo sapiens até a presente data, tem a oferecer.
O clube aumentou o preço dos ingressos para um evento de sua responsabilidade. Um evento de lazer, de entretenimento, uma disputa esportiva. Que interessa de forma direta a alguns milhões de pessoas no seu entorno, mas que só poderá atender a 60.000.
Interessa, mas não é vital à sobrevivência de ninguém. Não se trata de cartéis (sempre supostos) jogando na estratosfera o preço da comida, essencial à sobrevivência. Ou de empresas telefônicas que cobram e não entregam o produto cobrado, um tal de “sinal”, sem o qual não conseguimos usar o telefone celular, peça indispensável ao dia a dia do moderno Homo sapiens. Ou de empresas e autoridades na área do transporte que muito cobram e prometem e nada dão ou cumprem.
Nada disso. O Estado, através de seu órgão denominado de “proteção do consumidor” – e que nunca protegeu ou garantiu meu direito ao lugar marcado no meu ingresso num estádio, assim como nunca garantiu que um torcedor tivesse acesso a um sanitário com um mínimo de limpeza e condição de uso – decidiu que o Flamengo aumentou os preços além do que podia e entrou no circuito, jogando no lixo, como de hábito, a peça fundamental ao funcionamento do sistema capitalista: a democracia.
Ora, bolas, esse jogo de futebol é um evento privado e, como disse, não essencial à manutenção da vida dos seus consumidores (sobre esse ponto há controvérsias… mas só como brincadeira ou exacerbação de paixões, não a sério). O clube pode e deve decidir sobre ele, sobre o quanto cobrar, pois é o responsável e, como tal, será também aquele que vai correr os riscos inerentes á sua decisão.
Se a decisão foi correta, terá lucro.
Se foi errada, arcará com os prejuízos.

Muito grito para pouca razão

ter, 12/11/13
por Emerson Gonçalves |

A direção do Flamengo aumentou o valor dos ingressos para a final da Copa do Brasil. A rigor, nada de novo na medida, praticada hoje por todos os clubes brasileiros que chegam às finais de alguma competição ou mesmo nas fases eliminatórias.
A direção do São Paulo reduziu os preços de todos os ingressos para os jogos do time no Campeonato Brasileiro. Em alguns casos, sócio-torcedor pagou somente dois reais – R$ 2,00 – por um ingresso da antiga arquibancada não central. Choveram elogios para essa medida, que está longe de ser inédita e foi adotada até por alguns de seus críticos. E também choveram algumas críticas, minhas inclusive, motivadas pelo fato dessa redução ter sido uma medida tomada em desespero de causa e não como fruto de uma estratégia para aumentar a presença do público.
No sentido oposto, o Corinthians aumentou tremendamente os preços dos ingressos para seus jogos durante toda a temporada 2013. Apesar disso, o Pacaembu presenciou grandes ocupações durante a maior parte do ano, mesmo quando o time já estava com o futebol em baixa. O planejamento feito pelo clube, apoiado em pesquisa, funcionou. Resta ver, agora, o grau de flexibilidade da direção e seu planejamento, para adequar os preços à realidade de uma campanha ruim.
Três medidas iguais no conceito – alterar preços de ingressos – e diferentes nos mecanismos, modos e finalidades. E as três foram corretas e funcionaram.  

Num mundo ideal os preços já seriam conhecidos desde o início de uma competição e não teriam alterações, partindo do princípio de que até em mata-mata o primeiro jogo é tão importante quanto o último. Mas aqui no Brasil do futebol, a distância entre a vida real e a teoria é muito grande, o que me leva a pensar, repensar e aceitar, até mesmo recomendar, essas alterações de preços.
Em recente levantamento da Pluri Consultoria sobre os preços dos ingressos no Brasil (Série A), a empresa chegou a um preço médio de R$ 47,62 para o ingresso “inteiro” em venda mais barato. Entre os fatores que contribuíram para a queda de outubro estão as promoções feitas por alguns clubes, como São Paulo e Ponte Preta, e a inexistência de jogos com características de eventos, que costumam atrair grandes públicos. Esse valor representou uma queda de 6,6% em relação ao preço médio de setembro. Entretanto, considerando o ano de 2013 ele aumentou 39,1%. Aumento que passa para 42,1% se considerarmos o período dos últimos doze meses. Tomando por base o período de dez anos, esse ingresso “inteiro” médio está 370,1% mais elevado.
Cabe aqui uma comparação, antes de falar um pouco sobre o tal do ingresso “inteiro”: esse valor de R$ 47,62 que a Pluri encontrou para o ingresso médio no Brasil, em outubro, para os jogos da Série A, a nossa Liga de primeira divisão, equivale hoje a € 15,27. Vai ser difícil encontrar um jogo de primeira divisão na Europa por esse valor para o ingresso avulso.
E os jovens estudantes? O Arsenal, segundo a BBC em matéria do site da ESPN, reserva 1.000 dos 60.000 lugares do Emirates Stadium, para jovens entre 12 e 16 anos, ao módico valor de 10 libras cada ingresso. Quanto dá isso em reais? Não muito, apenas R$ 36,99 – opa, mais barato que o nosso ingresso médio inteiro e 55% maior que a metade desse ingresso – R$ 23,81. Mais um ponto a considerar: os 1.000 lugares com esse preço equivalem a 1,7% da capacidade do estádio, o que significa que seu impacto sobre o ticket médio é baixíssimo, mais próximo do zero que de um ponto percentual.
É preciso acrescentar o “inteiro” para diferenciar do meio ingresso, ou melhor, da “meia-entrada”, aquele ingresso pelo qual um estudante, suposto ou verdadeiro, paga metade do preço, mas tem acesso à íntegra do espetáculo.  Lembrando que a meia-entrada foi criada, ainda na década de 50, para permitir o acesso de estudantes a produções culturais, que serviriam como complemento ou aprimoramento do que aprendiam nas escolas. Deu no que deu.
Segundo o vice-presidente de marketing do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, na semifinal da Copa do Brasil, no jogo contra o Goiás, 74% dos ingressos vendidos foram “meia-entrada”.
É bom repetir: 74% dos ingressos vendidos foram “meia-entrada”. Trocando em miúdos, de cada quatro ingressos, três foram metades e lá se foi a receita que ajudaria o clube a pagar alguma dívida ou alguns salários.

Bem ou mal, entretanto, a meia-entrada significa “meio dinheiro” e meio é sempre mais que nada, não é mesmo? Falemos, então, do nada, do zero.
O presidente do Flamengo, em entrevista para explicar o que a rigor não precisaria ser explicado, acrescentou mais um dado a essa situação: um Maracanã lotado tem 15.000 gratuidades.
Quinze mil pessoas, a maioria das quais não precisa de nada grátis, entram sem pagar. O que significa que 22 jogadores e 7 árbitros, que trabalham no gramado, e mais centenas de pessoas no entorno do campo de jogo e dentro do estádio, têm que trabalhar para 15.000 privilegiados se deleitarem a troco de nada. Como não existe almoço grátis, alguém está pagando por esses 15.000 e entre os pagantes compulsórios está o clube mandante da partida.
O preço dos ingressos brasileiros parece caro e às vezes até é caro, mesmo, mas um olhar mais atento aos borderôs vai revelar uma realidade diferente daquela que é vista nos sites e painéis de bilheterias.  A meia-entrada e as benemerências derrubam os preços reais, efetivos, e a receita dos clubes.

A presença cada vez maior dos sócios-torcedores também tem um efeito redutor sobre o valor do ingresso médio, mas nesse caso de forma benéfica, pois esse torcedor colabora com o clube mensalmente, dando-lhe até condições (futuras, pois o presente de todos é complicado) de alcançar mais rapidamente uma boa condição de sustentabilidade. O que o clube deixa de arrecadar no guichê, é arrecadado com sobras no carnê mensal.  O sucesso da elevada média de público do Corinthians está ligado a uma inteligente concepção do seu programa de sócio-torcedor, onde a assiduidade no estádio e recompensada com… mais assiduidade ao estádio.
Não posso terminar esse tópico sem dizer que o sócio-torcedor não pode ser somente um gerador de caixa. Precisa ser, também, um participante real na vida do clube, o que só acontece onde ele vota e pode ser votado.

Cambista é um bom indicador de mercado. A presença desse pessoal e os valores que conseguem pelos ingressos, mostram que os preços podem, sim, ter um patamar diferente. No ingresso que o cambista vende o clube não perde, mas deixa de ganhar. Mas há os casos em que os cambistas devolvem o que não conseguiram vender e o clube aceita… E fica no prejuízo. Sim, isso acontece, mas aí já é caso de polícia.

Cada jogo, cada espetáculo, tem um preço que as pessoas interessadas podem ou não pagar. Foi o que disse Andrés Sanches, ex-presidente do Corinthians, na semana passada, no II Fórum do Futebol Brasileiro. Se o preço for considerado caro, vai sobrar muito lugar. A resposta a isso será uma redução até que o nível que o mercado está disposto a pagar seja alcançado.
Assim funciona o sistema capitalista, tão malvado para muitos e absolutamente desconhecido para grande parte de nossa população e a quase totalidade de nossos dirigentes e parlamentares.
Uma coisa fundamental no capitalismo é a responsabilidade e a cobrança inerente a ela. Os dirigentes do Flamengo têm vindo a público para justificar o aumento dos preços para o jogo final da Copa do Brasil. É bom que tenham feito isso, não para se desculparem por algo que não precisa ser desculpado, pois essa medida era mesmo necessária, mas como mostra de respeito ao torcedor rubro-negro. É parte do que pressupõe o capitalismo e a democracia: prestar contas ao cidadão, que nesse caso é, também, torcedor e consumidor.
Outros clubes têm feito o mesmo e continuarão fazendo, assim como o Flamengo. Cabe ao torcedor, dentro de suas possibilidades, seguir colaborando e, o mais importante, cobrar. Não por resultados, como acontece costumeiramente, mas pela boa aplicação de seu dinheiro transformado em ingresso, royalties, PPV ou simplesmente ponto de audiência da transmissão.
Indo além da gritaria, principalmente nas redes sociais, alguns torcedores deram um passo além e foram ao PROCON, querendo derrubar esse aumento, mas, sinceramente…
Passo.

Os jogadores preferidos do torcedor brasileiro em 2013

sáb, 09/11/13
por Emerson Gonçalves |

O portal GloboEsporte já publicou os principais resultados dessa pesquisa, mas vale a pena apresentá-la por completo, o que esse OCE faz agora pelo quinto ano seguido e mais uma no “velho” OCE. Vejam, antes de iniciar a apresentação dos resultados de 2013, os preferidos de 2008 a 2013:

Durante esse período de seis anos, somente dois jogadores estiveram presentes entre os 10+ todos os anos:  Ronaldinho Gaúcho e Rogério Ceni.
Kaká e Cristiano Ronaldo ficaram fora dos 10+ somente um ano.
Messi e Neymar começaram a aparecer no mesmo ano – 2010. Duvido que saiam pelos próximos… Quem saberá quantos? Ao lado deles, com certeza, estará Cristiano Ronaldo.
Falar que o torcedor brasileiro tem preferência por jogadores nossos que atuam fora é chover no molhado. O que chama a atenção, porém, é a presença consolidada de um argentino e um português, ambos atuando na Europa, entre os 10+, com Lionel Messi assinando contrato de locação por longo prazo na segunda posição.

Os preferidos de 2013
Esse trabalho da Stochos Sports & Entertainment foi realizado em todos os 26 estados brasileiros e mais o Distrito Federal. Para sua realização foram feitas 8.112 entrevistas, cobrindo as faixas etárias de 16 a 60 anos ou mais, em intervalos de cinco anos, divididas em classes sócio-econômicas A1, A2, B1, B2, C1, C2 e D.
A margem de erro é de 1,1% para mais ou para menos dentro do universo pesquisado, com intervalo de confiança de 95%, entre os dias 25 de agosto e 30 de setembro.
 

Torcedores brasileiros têm renda mensal de R$ 143 bilhões

sex, 08/11/13
por Emerson Gonçalves |

Esse é o valor levantado em trabalho da Pluri Consultoria, tomando por base a pesquisa sobre tamanho de torcidas de 2012, com atualização dos dados de renda e demografia pelo PNAD 2012 – Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios – preparado pelo IBGE.
A renda anual total dessa parcela da população atinge R$ 1,7 trilhão de reais, equivalentes hoje a € 553 bilhões, valor mais do que respeitável como número absoluto, mas muito pequeno quando transformado em renda média, situação que fica ainda pior quando observamos a distribuição desse bolo entre os diferentes segmentos da sociedade. De qualquer forma, o número absoluto é mesmo respeitável.
Na Espanha, o futebol responde por 1,2% do PIB, sendo que Barcelona e Real Madrid juntos são responsáveis por mais da metade dessa participação. No Brasil, o futebol responde por somente 0,2% do PIB, o que tem a ver com o tamanho do PIB brasileiro – US$ 2,4 trilhões contra US$ 1,4 trilhão – e, mais ainda, pela receita ainda baixa de nossos clubes quando comparados aos europeus. A única receita “primeiro mundo” de nossos clubes é a que vem dos contratos de cessão de direitos de transmissão.
Segundo estudos da Pluri, os 30 maiores clubes brasileiros têm uma receita mensal média de R$ 90 milhões e de R$ 1,1 bilhão anual, fornecida diretamente por seus torcedores: ingressos, mensalidades de ST, royalties sobre produtos licenciados e até mesmo a participação no PPV. Esse valor corresponde a apenas 0,06% da renda total dos torcedores, deixando uma enorme margem para o crescimento das receitas dos clubes.
Voltamos ao batidão de sempre: sim, há muito espaço para o crescimento das receitas, mas isso vai exigir trabalho e inteligência. Algo como, digamos, 99% de transpiração e 1% de inspiração. O problema está na necessidade de transpirar, que significa, entre outras, sair da zona de conforto, arregaçar as mangas e fazer mudanças. Difícil.
Vamos aos números:

Flamengo ultrapassa Corinthians
As 12 maiores torcidas têm um rendimento mensal total de R$ 124,2 bilhões, equivalente a 87% da massa total de receita dos torcedores.
Uma novidade e muito interessante: a receita total dos torcedores do Flamengo ultrapassou a dos torcedores do Corinthians. A razão para isso é o maior crescimento econômico nos estados menos ricos, alterando o quadro de 2012. Apesar da diferença de 4 milhões de torcedores entre um time e outro, de acordo com a pesquisa Pluri 2012 (base do trabalho), e mesmo com a estratificação sócio-econômica muito parecida entre as duas torcidas, a maior concentração de corintianos em estados com maior renda média fez com que o Corinthians ficasse na ponta no estudo de 2012. Uma relativa estagnação ou crescimento reduzido nos estados mais ricos, teve como contrapartida um maior crescimento econômico nos estados mais pobres, em geral com forte presença rubro-negra no quadro de torcidas, conduzindo o Flamengo à liderança, com uma receita mensal de seus torcedores estimada em R$ 26,3 bilhões contra R$ 25,9 dos torcedores do Corinthians.
Na sequência, São Paulo com R$ R$ 16,5 bilhões, Palmeiras com R$ 12,1 bilhões e Vasco da Gama com R$ 7,9 bilhões fecham o grupo das cinco maiores torcidas, com uma participação de 62% do total.
 
Por estados, os torcedores dos times paulistas possuem uma renda mensal de R$ 60,8 bilhões, seguidos pelos cariocas com R$ 40,2 e gaúchos com R$ 13,9 bilhões.
Avaí e Figueirense, com forte concentração em Florianópolis, têm os maiores rendimentos médios por torcedor: R$ 1.097,00, com o torcedor do Santos em seguida: R$ 1.073,00.

Futebol em transformação acelerada

qui, 07/11/13
por Emerson Gonçalves |

Durante algumas décadas, a maior parte do século passado, o futebol mudou na mesma velocidade em que a vida mudava: em câmera lenta. Ou, como se diz no moderno e antenado linguajar pátrio, em slow motion. Na década de 90 a velocidade das mudanças mudou e continua mudando a cada novo ano, mais e mais rápida. Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, identifica a década de 80 como o momento em que “começou a complexidade do futebol”. Correto, também, sem a menor dúvida. Posso também recuar mais uma década e colocar a chegada dos tempos modernos em 1970, quando a Copa do Mundo foi transmitida ao vivo, para grande parte do mundo pela primeira vez, o Brasil inclusive. Foi o ano em que o planeta, de forma majoritária, passou a ter os satélites presentes no dia a dia.
Copa de 70, anos 80, década de 90, não importa a data, a diferença para a História é irrisória e nem conta muito, diante da verdade dos fatos: foi por aí que o futebol acelerou suas mudanças e tornou-se mais complexo, como disse o presidente rubro-negro ontem, durante o Business FC 2013 – II Fórum do Futebol Brasileiro, realizado em São Paulo.

Mudanças… Elas estão acontecendo em todo o mundo. A tecnologia é a turbina e o combustível, é a causa e efeito em interação sinérgica, dialética. Muito do que se falou nesse seminário refletiu o que vem ocorrendo no futebol brasileiro, dentro e, principalmente, fora de campo.
Toninho Nascimento, que responde pela Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor desde janeiro desse ano, disse ter achado o tom geral das intervenções do primeiro painel muito pessimista. Já no encerramento, o vice-presidente corintiano – Luiz Paulo Rosenberg – disse ter sentido “um pessimismo”, um “cansaço” no evento e concluiu o pensamento com um “Vocês estão brincando!”
Nem tanto, senhor vice-presidente, nem tanto senhor Secretário Nacional do Futebol. Talvez haja, sim, um certo cansaço, pois uma vez mais estamos vendo as gigantescas dívidas dos clubes serem encaminhadas para uma solução que é, na prática, um perdão, apesar do esperneio do deputado autor do projeto, do próprio Secretário e dos presidentes e diretores de clubes que nela enxergam uma medida justa e necessária para dar aos clubes condições para se reestruturarem e conseguirem realizar suas múltiplas funções – comentarei abaixo. Nesse sentido, o jornalista Paulo Vinicius Coelho fez uma pergunta que expressou o sentimento geral de quem não é presidente de clube e nem membro do governo ou do parlamento:
Será que dessa vez vai?
Será que dessa vez, depois da Timemania, do REFIS e de outras medidas menores sempre beneficiando os clubes e contribuindo para “se reestruturarem”, eles vão conseguir atingir esse objetivo mítico?
Chega a ser curioso como as autoridades públicas dizem que compete aos clubes fomentar o esporte, como preconiza a Constituição, esquecendo-se ser essa uma das atribuições fundamentais do Estado através da educação, usando para tanto as escolas. Até porque fomento do esporte é tarefa de massa, a ser iniciada na chamada primeira infância, ainda, e mantida até a entrada na idade adulta. Clube nenhum pode executar tal função. Essa colocação, entretanto, é sempre muito útil nos discursos que justificam perdões e novos e benéficos acordos para entidades que já recebem um bocado de dinheiro pelo que fazem, mas insistem em gastar mais do que recebem e, boa parte delas, não pagar os impostos e tributos correntes.
Há, porém, uma mudança no cenário e nela o Secretário Toninho Nascimento se apoiou: dessa vez, ao contrário das anteriores, há a previsão de penalidades esportivas aos não pagadores, juntamente com a responsabilização dos dirigentes por meio dos bens pessoais. Sim, pode ser que funcione desde que a lei a ser aprovada seja clara nesse sentido, sem deixar margem a recursos intermináveis. E desde que outra lei seja modificada, permitindo que clubes sejam punidos na esfera judicial com perda de pontos e rebaixamento de divisão.
Diz o povo que gato escaldado tem medo de água fria, daí, certamente, os tais “cansaço” e “pessimismo” mencionados.

O jogo do Santa Cruz com o estádio lotado foi muito comentado e considerado como positivo. De fato, é alvissareiro ver o Santa e também o Sampaio Corrêa na Série B. Quem sabe num futuro não muito distante…
Jogos como esse, porém, costumam mesmo atrair grandes públicos. Sempre foi assim, em todas as divisões, em qualquer formato. O desafio brasileiro é encher os estádios, ou ao menos chegar perto disso, nos jogos “pequenos”, os jogos considerados como “sem importância”, algo que, a rigor, não existe, especialmente quando se adota a fórmula simples, correta e justa dos pontos corridos.

Outro ponto que “pegou” foi a questão da possível proibição de terceiros poderem deter percentuais diversos do direito econômico de um atleta. Sabemos que esse é mais um desejo da UEFA que da FIFA e, pessoalmente, espero não venha a ser aprovado. O que faz mal ao futebol e ao futebol brasileiro, não é o fatiamento do direito econômico, uma realidade já há bom tempo, e sim a falta de transparência.
Contratos não são revelados, nomes de agentes, empresários e agentes FIFA – atenção! – não são divulgados, assim como nem sempre os nomes e percentuais dos que têm participação no direito econômico vêm a público. Como vimos recentemente na transferência de Neymar, ainda envolta em mistério – assumido publicamente pelo primeiro vice-presidente do Barcelona – e valores divergentes. Lembrando que toda transação internacional tem que passar por um agente FIFA e os nomes desses agentes muito raramente, para não dizer nunca, vem a público.
Explicando o “atenção” colocado acima: recordem essa colocação futuramente. Qualquer dia poderemos ter “surpresas”.
Portanto, menos proibições que, fatalmente, serão dribladas pelo mercado e pela vida real, e mais, muito mais transparência.

O ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanches, em diversos momentos cutucou a imprensa durante sua participação no painel sobre as novas arenas, que prefiro continuar chamando de estádios até prova em contrário. Reclamando do fato da imprensa criticar os gastos excessivos, mirabolantes até, de clubes já endividados, disse que “quem  com a caneta na mão (do outro lado do balcão) não sabe o que se passa”.  Ora, como poderíamos saber com o grau de opacidade que domina o futebol brasileiro, em especial nas prestações de contas? Não é sequer o caso de falar em grau de transparência, de resto muito pouco presente, e sim de opacidade mesmo.
É, pelo jeito eu sou mesmo “pessimista”.
Mas Sanches não se limitou a isso ou a criticar o rival por abaixar preços (política que também foi adotada em sua própria gestão) e ponderou, com propriedade, que os preços dos ingressos brasileiros têm alguns componentes complicados. Como, por exemplo, a “meia entrada”. Um monte de gente paga metade e tem acesso ao produto inteiro. Ou as gratuidades, que no Rio de Janeiro, por exemplo, beiram a raia do absurdo. É a velha política brasileira, dos parlamentares brasileiros, que adoram dar esmola com dinheiro alheio. Muito fácil de fazer por quem não paga as contas e fornece o dinheiro para as benemerências.
Disse mais o ex-presidente do Corinthians: cabe ao mercado determinar o preço do ingresso.
Correto. Não adianta cobrar 200 se o consumidor entender que só vale 100 ou 50 ou 10. Em algum momento, o operador vai sentir o baque no bolso e adaptar-se à realidade do mercado. Esse, porém, é um conceito meio antipático num país acostumado a esperar que o “governo” determine preços. Aprendi no decorrer da vida que temos o pior do capitalismo e praticamente nada do melhor que esse sistema econômico tem a oferecer. O futebol, infelizmente, não é exceção.

Repercutiu bastante a crítica de Sanches e dos executivos da OAS e Odebrecht à redução de preços praticada pelo São Paulo. Em parte essa crítica está certa, mas em parte não. O primeiro ponto é que esse é um direito do mandante, que deveria ser Iivre, sempre, para cobrar o quanto quiser. Outro ponto, e esse é merecedor de críticas, é que foi uma decisão emocional, não planejada e que da mesma forma que deu muito certo, poderia ter dado muito errado; o “fator Muricy”, algo não planejado pelos autores da medida, salvou o clube também nas bilheterias.
Futebol hoje é produto caro. Torcedor, todo torcedor, quer que seu time tenha Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar ao mesmo tempo, falando figurativamente. É justo, é muito justo, é justíssimo, recordando antigo bordão. Só que tem um preço para isso e não dá para esperar que o “dinheiro da TV” pague tudo e todas as contas. Ao reduzir muito o preço, de forma não planejada e uma diferenciação de importância e valores de cada partida, o clube corre o risco de desvalorizar seu próprio produto. Até porque quem paga pouco valoriza pouco.

Mais uma sobre os bandos de “organizados” que têm trazido perdas sensíveis a diversos clubes: os contratos entre as operadoras das novas arenas e os clubes contêm cláusulas de proteção contra a perda de mandos de campo determinadas pelos tribunais.
Eis um bom motivo para explicar as reclamações de muitos dirigentes – e Andrés Sanches bateu pesado nessas punições no seminário – contra as perdas de mandos de campo, dizendo que os clubes não devem ser punidos por atos de terceiros, chamados de “torcedores”.  Para ele, as penas devem ser somente “técnicas”, jamais na forma de multas ou perdas de mando.
Muito bem, então não se pune os clubes e eles continuarão cedendo entradas, fornecendo entradas para serem vendidas nas sedes dos bandos de “organizados” – prática que agora os grandes paulistas querem extinguir – e permitindo, entre outros benefícios, que lugares dos estádios estejam permanentemente reservados aos membros desses grupos. 
“A TV não deve mostrar a violência.”
É o que pensa o ex-presidente do Corinthians. Dado o absurdo de tal posição não vou comentá-la. Só completar: não é somente ele que pensa dessa forma.

Mercado gigante… Segundo estudo da Pluri, que será postado em breve, o conjunto de brasileiros que torcem por um time de futeve, o conjunto de brasileiros que torcem por um time de futebol tem uma receita total de R$ 142,4 bilhões. Desse total, somente R$ 90 milhões chegam aos 30 maiores clubes do país. Esse valor equivale a 0,06% da receita total mensal dos torcedores. Desnecessário dizer que o espaço para crescer é gigantesco, simplesmente.

Crescimento foi a tônica das apresentações e debates sobre os programas de sócios-torcedores.
Um destaque: o diretor de marketing do Grêmio apresentou um comercial que ainda será levado ao ar e que tivemos o prazer de ver em primeira mão, que é, simplesmente, espetacular. Absurdamente simples, mas extremamente convincente. Quando ele termina, sério mesmo, dá vontade de virar ST do Grêmio. Espero poder colocá-lo aqui no OCE depois que entrar em veiculação.
Entre os planos do clube e a realidade mostrada pelo representante da AmBev, falando dos resultados do Movimento Por um Futebol Melhor, ficou claro que esse é um caminho sem volta. E agora, possivelmente, com uma boa redução nas taxas de inadimplência, que acompanham automaticamente as performances dos times em campo. Time em alta, taxa em baixa. E vice-versa.
O direito do sócio-torcedor votar passou ao largo das apresentações. Sintomático e preocupante, pois demonstra que a maioria dos clubes continua querendo somente o dinheiro do “sócio” e não a sua participação efetiva.

Paulo André falou sobre o Bom Senso FC.
E como falou!
Entre as muitas questões abordadas, e que a imprensa vem repercutindo bastante, há um dado que merece reflexão mais profunda: há somente 678 clubes profissionais no Brasil e, desses, apenas e tão somente 60 têm o calendário inteiro ocupado por jogos. Os demais são clubes que têm times sazonais. Terminou a curta temporada, acabou o time.

O debate final, que aguardava com interesse, acabou por ser meio frustrante. Pouco se falou do conceito de “superclube”, e muito se falou em supertimes. De qualquer, como disse Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, há necessidade de mudança, de um verdadeiro choque de gestão, com mudanças profundas na governança, com o que concordou o presidente do Atlético Paranaense, Mario Celso Petraglia.
Como era de se esperar, a questão dos direitos de TV foi abordada e, novamente, sob um ângulo equivocado, como fez Petraglia ao falar na necessidade de “quebrar o monopólio da Globo”. É comum no Brasil pegar-se uma palavra forte, impactante, e usá-la para toda e qualquer coisa, ignorando seu real significado, como acontece nesse caso.
A liga “independente” voltou à tona. É curioso como todos querem, mas querem não querendo ou nada fazendo para tentar viabilizá-la. Curiosamente, tanto Petraglia como Rosenberg atacaram pesadamente o Clube dos 13. Há coisas que talvez nem Freud consiga explicar.

Há mudanças em curso e o II Fórum do Futebol Brasileiro deixou isso muito claro. Aguarda-se para esse ano ainda, muito provavelmente na forma de Medida Provisória da Presidência da República, como esse OCE já anunciou aos seus leitores, a aprovação do PROFORTE, objeto de desejo de onze em cada dez presidentes de clube de futebol.
A reeleição de presidentes em clubes e federações que recebem algum tipo de benefício fiscal passou a ser proibida. Fala-se muito na volta da venda de bebidas alcoólicas de baixo teor, aguarda-se a entrada em operação plena dos novos estádios, os jogadores cobram mudanças, aparecendo como agentes ativos no futebol e não mais como meros joguetes, inclusive de sindicatos, cresce a percepção da origem da violência e a necessidade de controlá-la e, dada a inevitabilidade do projeto que, apesar da já citada reação negativa dos envolvidos, talvez, quem sabe dessa vez, venha a fazer com que os clubes entrem na linha, como se dizia antigamente.
Quem sabe dessa vez?

Os prêmios
Tive a honra e o prazer de ser, uma vez mais, um dos 25 jurados para a escolha do Melhor Executivo de Futebol de 2012 – vencido por Edu Gaspar, Corinthians e do Melhor Executivo de Marketing de 2012 – com Jorge Avancini, do Internacional, conquistando o bicampeonato.
Por somatórias de pontos em diversos critérios, o Corinthians levou o bicampeonato como o clube com com Maior Transparência Financeira e também o Mais Eficiente na Gestão do Futebol.
O Clube Atlético Paranaense venceu a categoria Melhor Estrutura Financeira.
Nesse ano, os indicados para as escolhas que serão feitas em 2014, são profissionais do Atlético Paranaense, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio e São Paulo no Marketing. No futebol os indicados são do Atlético Mineiro, Paranaense, Botafogo, Chapecoense e Cruzeiro. Temos, portanto, alguns novos nomes na área, uma notícia excelente.
Meus parabéns aos organizadores e responsáveis pelo evento: a Brasil Sports Market, com apoio da Trevisan Escola de Negócios, Pluri Consultoria e Fanclub.