sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Somália inaugura primeiro caixa eletrônico do país



Homem usa caixa eletrônico inaugurado na Somália / Crédito: AFP
Somália ganha primeiro caixa eletrônico; saque é feito somente em dólares
A Somália ganhou seu primeiro caixa eletrônico nesta semana. A primeira máquina inaugurada no país foi instalada na capital, Mogadishu, e chegou a causar estranheza entre os moradores.
Segundo o correspondente da BBC Mohamed Moalimu, algumas pessoas ficaram confusas e não sabiam direito para que serviria o aparelho eletrônico instalado ou mesmo como utilizá-lo.
A máquina, instalada pelo banco somali Salaam em um hotel luxuoso, permite aos clientes sacar dinheiro diretamente em dólares americanos. A Somália tem um sistema bancário primitivo que faz com que muitos habitantes do país dependam de remessas de dinheiro enviadas de fora.
O desenvolvimento do sistema financeiro da Somália foi impedido por mais de duas décadas de conflito envolvendo milícias e clãs religiosos.

'Grande avanço'

Omar Hassan, que mora no Reino Unido, mas está visitando a Somália, disse que a instalação do caixa eletrônico foi um grande avanço para a Somália.
"Eu acabei ficando em Mogadishu mais do que eu tinha planejado anteriormente, então fiquei sem dinheiro. Eu não pude acreditar na sorte que tive quando ouvi sobre o novo caixa eletrônico", disse à BBC, enquanto estava na fila para sacar dinheiro.
A moeda da Somália, o xelim, vale muito pouco e muitos comerciantes do país – além dos estrangeiros – fazem negócios usando dólares americanos.
O caixa eletrônico instalado permite as pessoas a sacar dinheiro de suas contas bancárias internacionais usando, por exemplo, cartões Visa, MasterCard e American Express, conforme contou o correspondente da BBC.
O porta-voz do banco Salaam, Said Abukar, explicou que, usando a máquina, as pessoas só poderão sacar dinheiro em dólares.
"Nós poderemos adicionar outras moedas no futuro. Os imigrantes ou turistas estrangeiros receberam a novidade com entusiasmo. Estamos planejando instalar mais desses caixas ATM em Mogadishu", disse ele à BBC.

Para neutralizar boatos, Aécio mira Nordeste no 2º turno

Para neutralizar boatos, Aécio mira Nordeste no 2º turno

Petistas espalham que tucano pretende achatar salários e minar programas sociais. Agenda será intensificada nos Estados onde Dilma teve mais votos

Laryssa Borges, de Brasília

O candidato à Presidência da República pelo PSBD, Aécio Neves, durante encontro com trabalhadores da construção civil em São Paulo, ao lado do governador reeleito Geraldo Alckmin do senador eleito José Serra
O candidato à Presidência da República pelo PSBD, Aécio Neves, durante encontro com trabalhadores da construção civil em São Paulo, ao lado do governador reeleito Geraldo Alckmin do senador eleito José Serra - Orlando Brito/Divulgação
Depois de ter conseguido sair vitorioso em colégios eleitorais estratégicos, como São Paulo e Paraná, no primeiro turno, o candidato do PSDB à Presidência da República decidiu mirar em Estados emblemáticos da região Nordeste para tentar neutralizar a onda de boatos disseminados pelo PT nessa reta final da eleição e reverter a ampla vantagem da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) na região. Na primeira etapa do processo eleitoral, Dilma obteve 16,4 milhões de votos nos nove Estados nordestinos – contra apenas 4,2 milhões de votos de Aécio –, apoiada principalmente no histórico favoritismo petista na região, abastecido pelo forte colchão social do governo, e na estratégia rasteira de disseminar boatos contra Aécio Neves, em sua maior parte relacionados ao fim dos programas como Bolsa Família, Universidade para Todos (ProUni) e Minha Casa Minha Vida.
A meta do bunker de Dilma é chegar a 75% dos votos da região Nordeste e, desde domingo, ganharam corpo boatos inéditos disseminados contra o tucano. Na Bahia, por exemplo, onde Dilma conseguiu impor vantagem de 3 milhões de votos sobre Aécio, o novo boato espalhado por cabos eleitorais petistas é o de que, se eleito, Aécio congelaria o salário mínimo. Na verdade, o candidato já se comprometeu, mais de uma vez, a manter o reajuste real do mínimo, mas a orientação da campanha de Dilma é martelar a tese de que Aécio promoveria um arrocho no benefício, prejudicando diretamente os trabalhadores. O prefeito de Salvador Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) foi escalado para tentar anular a boataria em território baiano.
Alvo preferencial da oligarquia Sarney no primeiro turno, o governador eleito do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) também tem sido procurado por emissários de Aécio para ajudar a conter os boatos de que o tucano colocaria em risco programas sociais e conquistas trabalhistas. Os tucanos esperam ainda que Dino atue em favor de Aécio e consiga reverter a ampla vantagem que a petista Dilma Rousseff teve no estado – quase 2,2 milhões de votos contra apenas 365.000 do candidato do PSDB. 
O alto nível de desconhecimento do candidato do PSDB no Nordeste, que mesmo lançando um programa específico para a região não conseguiu conquistar a preferência do eleitorado, foi um fator crucial para que a campanha do tucano decidir que, nos próximos dias, o senador precisa visitar a Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão e Paraíba. Com exceção de Pernambuco, que deu vitória a Marina Silva (PSB) no primeiro turno, Dilma saiu vitoriosa em todos esses Estados. 
Região Sul – Em sentido oposto, Aécio tem conseguido ampliar o leque de apoios na região Sul. Em Santa Catarina, Aécio bateu Dilma Rousseff com mais de 800.000 votos de vantagem. Ele também teve o palanque fortalecido no Rio Grande do Sul, onde a candidata derrotada Ana Amélia Lemos (PP) e o ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori (PMDB), que disputa o segundo turno, apoiam a candidatura do tucano. Entre os gaúchos, Aécio recebeu 2,6 milhões de votos, 100.000 a menos que Dilma, que venceu no Estado.
No Paraná, onde conseguiu mais de 1 milhão de votos de vantagem contra Dilma, está definido que o governador reeleito do Estado Beto Richa (PSDB) atuará como o principal cabo eleitoral do candidato, mobilizando lideranças políticas e religiosas em cidades estratégicas como Ponta Grossa, Londrina, Curitiba, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu, além da capital Curitiba. Um grande ato político em prol de Aécio é esperado para a próxima segunda-feira em Curitiba.
(Com reportagem de Bela Megale)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Indicado pelo PT usa Correios para pedir votos em MT

Indicado pelo PT usa Correios para pedir votos em MT

Nilton Nascimento, diretor dos Correios em MT, enviou cartas com preço abaixo de custo e entrega relâmpago pedindo votos para Dilma e candidatos da sigla à Câmara dos Deputados

Laryssa Borges, de Brasília
Hotel
ENTREGA EXPRESSA – Nilton Nascimento, diretor dos Correios em Mato Grosso, reúne funcionários para pedir o envio relâmpago de cartas pedindo votos para Dilma e candidatos do PT (VEJA)
Na noite de terça-feira, 23 de setembro, o diretor regional dos Correios de Mato Grosso, Nilton do Nascimento, reuniu a cúpula da empresa e funcionários do setor administrativo a portas fechadas, no Hotel Mato Grosso Palace, em Cuiabá. Horas antes, o espaço havia sido reservado em nome da autarquia para que Nascimento pudesse colocar diante dos seus colegas de trabalho e subordinados o candidato ao governo pelo PT, Lúdio Cabral, e o deputado estadual que tentava novo mandato Ademir Brunetto (PT)). Os dois puderam expor livremente suas propostas e explicar como, segundo eles, os doze anos de governo Lula e Dilma Rousseff (PT) foram bons para a categoria.
Depois daquela reunião, Nilton do Nascimento, filiado PT, decidiu enviar cartas em tempo recorde para eleitores do estado pedindo votos para a dupla petista e para dois outros candidatos: o deputado federal Ságuas Morais (PT) e a presidente-candidata Dilma Rousseff.
Ságuas Moraes faz parte, em Brasília, do que chamado "baixo clero" no Congresso. Deputado de primeiro mandato, é assíduo na Câmara – mais de 95% de presença em sessões deliberativas em 2014 –, mas não tem influência política na bancada e não conseguiu aprovar nenhum projeto de lei durante seu mandato. No último domingo, Ságuas foi reeleito com mais de 97.000 votos. O candidato ao governo, Lúdio Cabral, perdeu no primeiro turno para o governador eleito Pedro Taques (PT). Ademir Brunetto não conseguiu se eleger.
Dois dias depois da reunião no hotel em Cuiabá, Nilton Nascimento disparou cartas para funcionários dos Correios pedindo voto para os quatro candidatos – Dilma Rousseff incluída. Na capital, Nascimento utilizou, sem autorização, o banco de dados dos Correios para saber onde cada funcionário atuava e pode enviar – nominalmente – os pedidos de voto. A prática configura violação do Manual de Comercialização dos Correios, que é explícito: “a postagem de impressos e malas diretas de propaganda eleitoral somente será autorizada a candidatos e partidos regularmente registrados na Justiça Eleitoral para o evento”.
Parte das cartas políticas foi entregue no dia seguinte à postagem, em alguns casos mais rápido que o próprio serviço Sedex. Em Mato Grosso, uma carta demora, em média, três dias para ser entregue para chegar ao destinatário – ou até cinco dependendo do município do interior. Mais: cada correspondência foi despachada ao custo de 0,60 centavos – preço menor do que o praticad, conforme a tabela dos Correios, que prevê 1,30 real por unidade. “Uma pessoa comum não conseguiria ter feito aquilo, enviar cartas em tempo recorde e ainda usar o cadastro de funcionários. É um privilegio postar correspondências por menos da metade do preço”, disse ao site de VEJA o presidente do sindicato da categoria, Edmar Leite.
Reprodução
Carta enviada por funcionário dos Correios pedindo votos em Dilma e candidatos do PT em Mato Grosso
Nilton do Nascimento admite ter enviado 670 cartas. Em Cuiabá e Várzea Grande, por exemplo, todos os mais de 500 carteiros receberam o pedido de votos. Em nota, Nascimento negou irregularidades, disse que pagou do próprio bolso o envio das correspondências e afirmou que os pedidos de votos ocorreram “na condição de cidadão”. “Não houve operação especial para a entrega e os objetos seguiram o fluxo postal previsto para esta modalidade de serviço”, disse.
O conjunto de ilegalidades e a suspeita de uso político da máquina federal estão sendo apurados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso após denúncia do Sindicato estadual dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Serviços Postais.
A denúncia do sindicato é grave, mas não é a primeira vez nestas eleições que os Correios são acusados de uso eleitoral pelo PT. Em Minas Gerais, o PSDB acusa a autarquia de ter confiscado material de campanha do candidato à Presidência, Aécio Neves. O tucano contratou o serviço de mala direta postal domiciliária para a distribuição de 5.634.000 de cartas, mas nem todas as correspondências foram entregues.